segunda-feira, 4 de maio de 2009

a guerra


O olhar de angústia e tristeza deixado na porta da humilde casa, convida ao homem (ao animal-homem) a analisar as chances. Pequenas chances. Quando as lágrimas limpam sua face ele então baixa o rosto e fecha os olhos. Por quantas vezes aquelas límpidas gotas de água estarão ali de novo? 

Principio, meio, e fim.

Lembrou-se do dia em sua filha mais velha, Sophie, nasceu. Um pequeno ser que se tornou a luz da sua vida. Agora ela estaria com 12 anos. Era o orgulho da família. Sua mulher, tão inquieta e cheia de esperanças, sorria amarelo enquanto via o homem se distanciar de sua residência. Talvez,

Aquele fosse o ultimo momento que o via, inteiro. 

Mas ela não pensava dessa forma, pelo menos tentava não pensar. Quando estava ao ápice do desespero, pedia para sua filha caçula, Julie que repetisse as simples, porém sábias palavras que a deixava calma. “Papai é um herói.” A menina repetia. Julie tinha apenas 7 anos, e mesmo não sabendo de suas condições desfavoráveis, reverenciava ao pai como se ele fosse o Rei da Inglaterra. Triste ela, que não sabia que seu pai era apenas um guerrilheiro. Um homem obrigado a carregar uma metralhadora em seu ombro e matar quantos fosse possível. A guerra era assim, quanto mais pessoas do outro lado morressem, os dias de glórias para o seu grupo estavam por vir. Afinal, se eles matassem muitos homens, estariam livres e poderiam voltar pra casa; até que o último guerrilheiro inimigo estivesse em pé, eles tinham trabalho a fazer. Esse era o lema do governo, “As sementes podem ser fecundadas, ou não”. O problema é que olhando por outro lado, os homens não tinham escolhas. A semente, sim. A semente do ódio, rancor e dinheiro. Era por essa semente que Julie, Sophia e sua mãe Martha iriam perder seu “herói”. Era a última batalha, a guerra finalmente estava no fim. A munição estava acabando. A munição poderia até acabar nas armas, porém, no coração dos homens, aquela munição estaria tatuada lá para sempre.

Que pena, Julie só tinha apenas 7 anos. Pobre Julie. Pobre herói derrotado.

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